Quando pensamos em um desfile de moda, não imaginamos como são seus bastidores, que contam com o planejamento de arquitetos e cenógrafos para a criação de toda a estrutura. Um grande exemplo disso é a grife francesa Chanel que traz sempre um espetáculo em seus desfiles, com passarelas inovadoras e fugindo sempre do óbvio para transmitir a ideia da coleção.
O conceito da coleção deve estar explícito em todo o ambiente da passarela, para que tanto o público quanto a mídia, cada vez mais especializada, compreendam as ideias dos estilistas. Podemos ver esses detalhes transmitidos na coleção outono/inverno 2013/2014 do estilista Alexander McQueen que buscou inspiração no barroco, e utilizou como cenário a Ópera Comique de Paris, um edifício de estilo barroco para complementar a história representada pela coleção. Neste caso, McQueen trazia um ar dramático e extremamente luxuoso em suas peças, assim como no período barroco.
Entretanto, existia todo o rebuscamento na arte barroca e isso era reflexo dos conflitos dualistas entre o mundano e o celestial, transmitido nas peças através de muitos bordados e os contrastes de cores e tecidos.
Ainda no outono/inverno 2013/2014, Dolce e Gabbana prova que moda e arte são uma via de mão dupla. Inspirada no estilo barroco, a marca faz uma referência fortíssima à arquitetura da época.
Na arquitetura, o barroco é rico em detalhes e demonstra luxo. Na moda, o barroco está ligado a peças com muito bordado, aplicações, estampas, veludo (nobre, elegante e sofisticado), renda (vem acompanhada das flores miúdas, detalhadas e bastante enfeitadas) e as cores vermelho, preto e principalmente o dourado (do brilhante ao envelhecido, o metalizado indica o ouro e a riqueza). Predominam desenhos e pinturas de Igrejas, Santos e Anjos, também remetendo aos ideais barrocos.
É interessante ver como o trabalho de cenografia vem se superando e construindo um nicho interessante que integra a moda e arquitetura, abrindo espaço para novos profissionais mostrarem sua criatividade através desta junção mostrando que para contar uma história precisamos de uma junção de elementos que se complementam.
Portanto, podemos observar que tudo é uma questão de harmonia, tanto das roupas quanto dos objetos que compõem o cenário se complementando e transmitindo uma história de forma clara ao telespectador.
Referências
Livro - A roupa e a moda / autor: James Laver /1ª edição publicado em 1989
Artigo científico – Moda e arquitetura – Conexões possíveis / autores: Cláudia de Castro Correia, Rita Cláudia Aguiar Barbosa, Maria Dolores de Brito Mota y Walkyria Guedes de Souza / publicado 8 de janeiro de 2014