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Rita Patron

A Arquitetura no baú das memórias

Atualizado: 7 de out. de 2021

Numa gaveta, as fotos antigas. Na memória, imagens e fragmentos que já não existem.

Esta semana, fomos surpreendidos por mais uma demolição em curso.

 

Foi noticiado no dia 08/09/2020 a demolição da Residência Kraft, na cidade de Pelotas, RS. Ao invés de de preservar o patrimônio e reutilizá-lo, o edifício, que constituía parte da paisagem histórica e cultural da cidade, foi desmantelado para dar lugar a uma nova edificação que abrigará uma farmácia. Trata-se de um ato de desrespeito com o patrimônio histórico arquitetônico, um reflexo triste da negligência.


 

O que a diferencia de tantas outras? Talvez o sentimento de identidade e lugar. Mas não, quando se trata de algo que é parte da história pessoal, possui um significado emocional, uma conexão afetiva.


Fonte: https://www.diariopopular.com.br/geral/demolicao-da-casa-kraft-gera-polemica-154383/

Trazer à tona lembranças, evocar sentimentos guardados e reviver experiências, são momentos que as cidades podem nos proporcionar. Os lugares da memória são edifícios, monumentos, paisagens, ruas, becos, praças...são expressões consolidadas do passado de uma sociedade.


Se não sabemos de onde viemos, estamos fadados a não saber para onde ir. Perde-se o norte, mas a busca continua. Mas em qual direção?


Fonte: https://www.diariopopular.com.br/geral/demolicao-da-casa-kraft-gera-polemica-154383/

A nostalgia se instala por meio de histórias que passam para a esfera do imaginário, um conto ou um “causo”, contados por gerações anteriores. “Aqui foi onde Jango ficou quando veio a Pelotas”, diz alguém...


Preservar é um ato de respeito. Preserva-se o passado para compreender o futuro. Valorizar o passado também é um ato de amor. “É velho, está sem uso, é um elefante branco”, dizem...

Quem construiu, quem viveu, o que aconteceu? Quantas trajetórias entre paredes. Que significado tinha para a cidade, para a arquitetura? Não importa, era a paisagem de alguém.


Não cabe aqui entrar no mérito da venda do imóvel. Sabe-se que manter e conservar é custoso. O que se lamenta uma e outra vez é a falta de políticas públicas de preservação e salvaguarda do patrimônio. Ser permissivo com a destruição paulatina da história.



O sentimento é de pena, impotência e tristeza. Pena pela demolição, impotência por não conseguir ajudar e tristeza pela perda do exemplar arquitetônico.


Para algumas gerações em frente, talvez seja uma loja de esquina, uma farmácia, ou apenas um comércio com a facilidade do estacionamento, típico de tantos bairros. Muitos nem saberão o que um dia o local abrigou.


Que possamos olhar de uma maneira crítica sobre como estamos tratando os prédios e as memórias que se esfumaçam no tempo.


Esse post não é sobre o que passou. É um manifesto para despertar. Não é sobre guardar lembranças. É sobre saber vivê-las.

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