Patrimônio público consiste no “conjunto de bens e direitos de valor econômico, artístico, histórico ou turístico, pertencentes aos entres da administração pública direta e indireta”, segundo a Lei brasileira 4.717, de 29 de junho de 1965.
Passada uma semana da indignação sobre o vandalismo indiscriminado ocorrido em Brasília, capital do país, onde obras de arte e arquitetura foram depredadas, e diante da mídia e população estarrecida, restam muitas questões, dentre as quais cabem algumas observações.
Brasília é um ícone da arquitetura brasileira e mundial. Cidade planejada, citada e estudada em escolas mundo afora. É patrimônio da UNESCO desde 1987. Fruto de mentes brilhantes e visionárias, dada a relevância de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer para a profissão.
Aparentemente, as pessoas que a depredaram, desconhecem sua importância. Não obstante quebrarem vidraças e destroçarem mobiliário, romperam com valores que parecem não ter referência no mundo atual: respeito e educação.
Respeito pelo bem público, que é seu, é meu e é nosso. Respeito por uma arquitetura que marca um ponto importante de projeção mundial brasileira dentro do movimento moderno. Pautou um antes e depois nas carreiras de quem a projetou e construiu. Pensada e idealizada de acordo com os preceitos urbanísticos da Carta de Atenas, de Le Corbusier, de 1933, que propunha que cada indivíduo tivesse acesso às alegrias fundamentais, ao bem estar do lar e à beleza da cidade. Só por este fato, já seria ímpar dentre as demais.
Educação, em desconhecer que os interiores dos edifícios carregam a história da nossa própria nação. Mobiliário desenhado, presentes de outros países, painéis artísticos e obras de arte. Sim, lamentamos aos que não se importam, porque não querem saber. Mas lamentamos principalmente pelos que estudaram sobre a tela de Di Cavalcanti, o muro escultórico de Athos Bulcão, o relógio de Balthazar Martinot, a bailarina de Victor Brecheret, entre tantas perdas do último domingo, das quais iremos reconstruir e restaurar. Com esforço, com cuidado e resiliência.
Esperamos que as pessoas entendam que as perdas em Brasília, não são apenas de cunho político, social, bem contra o mal, ou quaisquer nomes e expressões que queiram atribuir. Elas são perdas de civismo, de nação, de trajetória, e principalmente de rumo. Porque se não sabemos de onde viemos, não saberemos para onde ir.
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