Você já ouviu falar no termo neuroarquitetura? Essa expressão nasceu da junção da neurociência com a arquitetura e tem como objetivo favorecer a saúde e o bem-estar dos usuários através dos espaços projetados.
Com a evolução da neurociência, estamos compreendendo crescentemente as funcionalidades do cérebro humano. Com os avanços dessa área, principalmente no que se refere ao estudo dos pensamentos e do subconsciente, será possível traduzir de forma mais concreta as percepções do cérebro perante o ambiente. Desta forma, ajudando os arquitetos a projetarem espaços que impactem seus usuários de forma mais significativa.
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Portanto, os ambientes serão projetados levando em consideração sua forma e função, mas com foco nos impactos gerados em níveis mais intrínsecos do ser humano, que escapam da percepção do consciente. Aqueles que possam gerar melhoria na saúde e bem estar, tanto física como mental. Em outras palavras, quer dizer que o espaço projetado tem impacto direto no nosso comportamento.
A constituição do ambiente faz com o que cérebro estabeleça mecanismo que produzem os hormônios necessários para gerar determinadas emoções e sensações. Com isso, a neurociência proporciona evidências poderosas para que os arquitetos possam criar espaços que despertem esses resultados.
Sendo assim, alguns elementos como a ventilação, a temperatura, as cores utilizadas, a acústica e principalmente a iluminação natural, são essenciais na composição do ambiente, como também proporcionam conforto e saúde ao usuário.
Esse termo ainda é novo no Brasil. No entanto, essa nova tendência da arquitetura tem ganhado força ao redor do mundo, especialmente no âmbito das escolas, hospitais e empresas, com o objetivo de aumentar a produtividade dos funcionários, melhorar o foco, a concentração e ajudar no processo de cura dos pacientes.
No âmbito dos ambientes corporativos, o foco é criar ambientes humanizados, que possam influenciar de forma positiva a motivação e o comportamento do empregado, como também proporcionar a socialização entre os funcionários da empresa.
Nesses projetos comerciais, principalmente os escritórios corporativos, as cores neutras ainda predominam a maioria dos espaços. Mas o que a grande maioria não sabe, é que algumas cores podem ser estimulantes, melhorando a criatividade, a concentração e o foco. E quando falamos em iluminação, sempre devemos priorizar a iluminação natural.
Igualmente, a neuroarquitetura tem seu olhar voltado para projetos residenciais, com o objetivo de reduzir a ansiedade e o stress dos usuários.
No projeto residencial o arquiteto deve colher o máximo de informações sobre seu cliente, para que o mesmo possa criar um perfil das necessidades diárias e a partir de então criar soluções espaciais capazes de melhorar sua qualidade de vida.
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“62% das memórias felizes estão relacionadas a experiências multissensoriais”. (Livro: A Arte de Criar Mémorias Felizes)
Segundo as arquitetas Paloma Cardoso e Jéssica Carbone : “é através dos nossos sentidos, podemos explorar a nossa casa, observando o que ela nos fornece de melhor, enriquecendo o nosso ambiente, explorando novas sanções. Esse olhar para nossa casa é extremamente benéfico ao nosso cérebro...”
Desta forma, criar estímulos para os cinco sentidos é outro meio de trazer mudanças significativas na vida do cliente. Através de texturas, aromas ou músicas no ambiente, por exemplo. O objetivo é que as soluções sejam personalizadas, pois cada projeto é único e visa atender as necessidades especificas de cada pessoa.
Contudo, separei algumas dicas para quem quiser aplicar a neuroarquitetura em casa e melhorar o bem estar:
Elementos da Natureza
Utilizar elementos naturais, é uma forma prática de estimular o relaxamento. Como por exemplo plantas, quadros de paisagem e revestimentos em madeira. Aqui no blog tem um post sobre design biofílico que fala mais sobre utilizar os elementos da natureza em casa.
Ar livre
Projetos com boa ventilação também tendem a estimular o relaxamento. Sendo assim, sempre que estiver em casa, não esqueça de deixar o ambiente arejado, abra as janelas e deixe o ar circular, isso também faz com que a energia do ambiente circule.
Iluminação Natural
Sempre opte pela iluminação natural, um bom projeto prioriza a iluminação solar. Se não for possível, quando for escolher a luz artificial, em ambientes para descansar, prefira a luz amarela, ela estimula a melatonina. Já a luz branca, deixe para ambiente que exigem foco e concentração.
Organização dos ambientes
A organização é uma das bases da neuroarquitetura. Se livrar da bagunça é uma das formas de reduzir a ansiedade. Afinal, quem consegue relaxar em um ambiente bagunçado e caótico?
Por fim, pode-se perceber que não existe uma fórmula exata para aplicar a Neuroarquitetura. É necessário focar em determinadas questões e assim ser capaz de transformar a experiência do indivíduo no espaço projetado.
Fontes:
Ebook – Neuroarquitetura (https://www.neuro.arq.br/)
http://www.anfarch.org/